Trump anuncia tarifas recíprocas e setoriais para 2 de abril e diz que não haverá exceções para taxas de aço e alumínio
17/03/2025
(Foto: Reprodução) Presidente dos EUA ainda afirmou que devem surgir taxas adicionais nas tarifas de automóveis, aço e alumínio. Donald Trump
REUTERS/Kevin Lamarque
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que as tarifas recíprocas e setoriais passarão a valer a partir de 2 de abril. Confirmação foi feita na madrugada desta segunda-feira, a bordo do Air Force One, que viajava da Flórida para a capital do país.
Em declaração à imprensa, Trump disse que as tarifas recíprocas sobre os parceiros comerciais dos EUA viriam junto com as tarifas automobilísticas.
"Em certos casos, ambos", disse Trump quando perguntado se ele imporia tarifas setoriais e recíprocas em 2 de abril. "Eles nos cobram, e nós os cobramos. Então, além disso, em automóveis, em aço, em alumínio, vamos ter alguns adicionais", afirmou.
Além disso, o presidente disse que não tem intenção de criar isenções nas tarifas de aço e alumínio, aumentadas no mês passado para uma taxa fixa de 25%, em uma medida que foi projetada para ajudar a indústria dos EUA, contribuindo para uma crescente guerra comercial.
O que são as tarifas recíprocas?
Sem serem classificadas como uma taxa específica para países específicos, as tarifas recíprocas são uma orientação geral de reciprocidade aos países que impõem dificuldades ao comércio com os EUA.
Elas estão alinhadas com as promessas do presidente Trump de taxar seus parceiros comerciais. Os principais alvos são países que os EUA têm déficit na balança comercial — ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.
Chamado de "Plano Justo e Recíproco", o memorando buscará "corrigir desequilíbrios de longa data no comércio internacional e garantir justiça em todos os aspectos".
Anteriormente, quando anunciou pela primeira vez as tarfas, o governo dos EUA citou o etanol brasileiro como exemplo.
"A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil".
Trump também afirmou que os países do BRICS — grupo de coordenação econômica formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — podem sofrer uma taxa de no mínimo 100% se quiserem "brincar com o dólar".
O presidente republicano já havia feito uma ameaça semelhante no ano passado, após o bloco sinalizar que discutia a possibilidade de substituir o dólar norte-americano por outra moeda em suas transações.
Tarifaço de Trump
Segundo Trump, a aplicação de tarifas visa lidar com déficits comerciais e problemas nas fronteiras, como a travessia de migrantes sem documentos e o tráfico de fentanil. Ele também afirmou que irá impor taxas sobre a União Europeia, mas não detalhou a alíquota ou quando isso acontecerá.
Enquanto Trump não havia adotado medidas concretas de taxação, os reflexos eram positivos nos mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Medidas como o aumento de tarifas de importação e a política anti-imigração de Trump podem gerar mais inflação nos EUA. Além disso, a renúncia de impostos para favorecer as empresas norte-americanas é vista como um risco para as contas públicas do país.
Esses fatores indicam que o Fed terá mais dificuldade de controlar os preços, mantendo os juros elevados no país. As taxas mais altas mudam todo o fluxo de investimentos no mundo, já que os agentes econômicos priorizam os títulos públicos americanos (Treasuries) e o dólar.
No Brasil, a fuga de capital e a consequente valorização da moeda americana podem levar o Banco Central (BC) a elevar a taxa Selic, impactando negativamente a atividade econômica brasileira. Além disso, o Brasil também pode ser afetado por uma desaceleração da economia chinesa caso Trump confirme taxações elevadas contra os asiáticos.
Outro reflexo para o Brasil é o aumento de oferta de produtos chineses. Com os EUA importando menos do país, itens manufaturados asiáticos (com preços muito mais baixos) tendem a buscar outros mercados.