Pesquisa revela que reservas de água doce no Brasil estão secando em ritmo mais acelerado
21/03/2025
(Foto: Reprodução) O MapBiomas constatou que a redução da superfície de água atingiu quase a metade dos municípios. Em um ano, rios, lagos e lagoas do país encolheram 400 mil hectares. Reservas de água doce no Brasil reduziram em 2024
As reservas de água doce do Brasil também estão secando - e em um ritmo mais acelerado.
Em um ano, os rios, lagos e lagoas do país encolheram 400 mil hectares. Uma área equivalente a quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. A superfície de água em 2024 ficou quase 4% menor em relação à média dos últimos 40 anos.
“A gente, hoje, já fala em emergência climática que está afetando e mudando os padrões de precipitação, os padrões de chuva em todo o Brasil”, diz Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas.
Superexploração das águas subterrâneas ameaça mais da metade dos rios brasileiros
As secas extremas de 2024 na Amazônia diminuíram a extensão do maior bioma do país. Mas a maior perda, proporcionalmente, foi no Pantanal, que nos últimos anos vem sofrendo com incêndios florestais e estiagem mais longa. A cobertura de água no bioma está 61% menor do que a média histórica.
O MapBiomas constatou que essa redução da superfície de água atingiu quase a metade dos municípios brasileiros. Na Grande Belo Horizonte, o Rio das Velhas, que abastece 45% da Região Metropolitana, vem sofrendo com os efeitos climáticos e a ocupação desordenada.
“Essa redução vem proveniente de diversos fatores. Fatores como... Primeiro, a impermeabilização do solo, mais desmatamento, especulação imobiliária, empreendimento minerário. E isso, consequentemente, é refletido na calha do rio”, explica Poliana Valgas, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas/ MG.
Pesquisa revela que reservas de água doce no Brasil estão secando em ritmo mais acelerado
Jornal Nacional/ Reprodução
O levantamento revela outro dado preocupante. No Brasil, as áreas naturais cobertas de água estão 15% menores. No Cerrado, por exemplo, rios e lagoas ocupavam mais da metade da superfície de água do bioma há 40 anos. O restante era formado por reservatórios de hidrelétricas, produção agrícola e mineração. Hoje, a situação se inverteu. A água em áreas artificiais é maioria.
“A gente tem um mito de que temos água abundante. Essa história está mudando, e a gente tem que dar atenção diferente para ela”, afirma Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas.
O vice-presidente do Comitê da Bacia do São Francisco diz que a preservação dos recursos hídricos depende de ações coletivas e urgentes:
"Se a gente tiver que pensar em sustentabilidade hídrica para nós e para as gerações futuras, nós temos que começar a agir agora com políticas que realmente levem em consideração já essas restrições que a gente está vivendo", afirma Marcus Vinícius Polignano.
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